Foi-se o Tempo
Sete dias de provocações de lado a lado. Apostas de cestas básicas a serem pagas por quem saísse perdedor. Manchetes que faziam bancas de jornal seremaassagem. 100.000 pessoas compravam ingressos para lotar o estadio.obertas por quem esta de encobertas por quem estava só de passagem. Entrevistas matérias exclusivas. 100.000 pessoas compravam ingressos para lotar o estádio. Bandeiras e batuques.
O futebol vivo. Vivido e saboreado.
Em casa, o domingo era um dia diferente. Muita expectativa. Dia de rádio ligado desde as primeiras horas da manhã. Todas as informações e prognósticos eram ouvidos atentamente e comentados vorazmente. Sabia a escalação dos titulares e reservas, dos dois times. Nervosismo. Eu, particularmente, chegava até fazer coisa proibida por minha mãe, que era misturar religião com futebol, e não nego, dava uma rezadinha no sábado à noite pra garantir uma proteção extra, antes de dormir na mais pura ansiedade pra que chegasse às 16hs do dia seguinte. Durante o almoço cada um dava seu placar do jogo - que logicamente nunca era de derrota do nosso time. O almoço era servido invariavelmente até duas horas antes da partida. O dia era voltado para o jogo. Às 18hs a adrenalina baixava, com vitória ou derrota, vinha quase naturalmente um sentimento de dever cumprido. Tudo ficava ali registrado na memória e no coração. E a segunda-feira se tornava um martírio ou uma delícia.
Os tempos, porém, são outros.
A semana que antecede a um clássico ficou insossa. Sem-graça. Normal.
Muito de tudo se foi. Hoje em dia uma provocação de qualquer um dos lados é estupidamente reprovada dando lugar a trocas de elogios infames e hipócritas. Acabou a novidade. O que você leu no jornal é o mesmo que verá na tv e o que encontrará na internet. Mais do mesmo. Não é necessário nem mesmo ter tv à cabo para ficar em casa e assistir ao vivo, ao que nem um quarto da capacidade do estádio pagou pra ver in loco.
Possíveis ídolos se vão sem ao menos chegar à condição de ídolo. Os estádios continuam como estavam décadas atrás, desconfortáveis e ultrapassados. Saudade de um tempo em que o modelo da camisa não mudava a cada 6 meses. Bandeiras e batuques são inexistentes. A festa é praticamente proibida.
O futebol perdeu muito de sua essência, sem dúvida.