Tocando em Frente

quinta-feira, maio 24, 2007

Foi-se o Tempo

Semana de clássico.

Sete dias de provocações de lado a lado. Apostas de cestas básicas a serem pagas por quem saísse perdedor. Manchetes que faziam bancas de jornal seremaassagem. 100.000 pessoas compravam ingressos para lotar o estadio.obertas por quem esta de encobertas por quem estava só de passagem. Entrevistas matérias exclusivas. 100.000 pessoas compravam ingressos para lotar o estádio. Bandeiras e batuques.

O futebol vivo. Vivido e saboreado.

Em casa, o domingo era um dia diferente. Muita expectativa. Dia de rádio ligado desde as primeiras horas da manhã. Todas as informações e prognósticos eram ouvidos atentamente e comentados vorazmente. Sabia a escalação dos titulares e reservas, dos dois times. Nervosismo. Eu, particularmente, chegava até fazer coisa proibida por minha mãe, que era misturar religião com futebol, e não nego, dava uma rezadinha no sábado à noite pra garantir uma proteção extra, antes de dormir na mais pura ansiedade pra que chegasse às 16hs do dia seguinte. Durante o almoço cada um dava seu placar do jogo - que logicamente nunca era de derrota do nosso time. O almoço era servido invariavelmente até duas horas antes da partida. O dia era voltado para o jogo. Às 18hs a adrenalina baixava, com vitória ou derrota, vinha quase naturalmente um sentimento de dever cumprido. Tudo ficava ali registrado na memória e no coração. E a segunda-feira se tornava um martírio ou uma delícia.

Os tempos, porém, são outros.

A semana que antecede a um clássico ficou insossa. Sem-graça. Normal.

Muito de tudo se foi. Hoje em dia uma provocação de qualquer um dos lados é estupidamente reprovada dando lugar a trocas de elogios infames e hipócritas. Acabou a novidade. O que você leu no jornal é o mesmo que verá na tv e o que encontrará na internet. Mais do mesmo. Não é necessário nem mesmo ter tv à cabo para ficar em casa e assistir ao vivo, ao que nem um quarto da capacidade do estádio pagou pra ver in loco.

Possíveis ídolos se vão sem ao menos chegar à condição de ídolo. Os estádios continuam como estavam décadas atrás, desconfortáveis e ultrapassados. Saudade de um tempo em que o modelo da camisa não mudava a cada 6 meses. Bandeiras e batuques são inexistentes. A festa é praticamente proibida.

O futebol perdeu muito de sua essência, sem dúvida.
E eu realmente não consigo explicar o porquê de continuar incluindo o Palmeiras em minhas orações e “passando mal” ao menos durante 2h de um domingo de clássico.

quinta-feira, abril 26, 2007

Sinceros Monstros Farsantes

Quando você anda em direção a uma dessas lanchonetes decoradas em amarelo e vermelho, sabe bem que não vai comer um "sanduíche". Lá o alimento é algo parecido com isso, mas tem nome próprio. Você esta prestes a ingerir um "mcdonalds".

Sim. Pois o que se come ali não é exatamente um sanduíche comum - pão, carne e queijo -, comparável aos de tantas outras hamburguerias. O pão até parece pão. O queijo é uma fundição processada de qualquer coisa tão cremosa que o resultado parece sim um queijo. E a carne... Huuum... a carne. Quando criança tentaram pregar que era feita de minhoca, que os imperialistas teriam fazendas, hectares e hectares de criadouros de minhocas. É. Essa teoria bem que poderia ser aceita pois o "100% carne bovina" estampado na caixinha não convence nem o Ronald Mc Donald.

Mas convenhamos: Mcdonalds é bom pra cacete.

Não se compara ao cheese-burguer que você faz em casa, não tem milkshake de ovo maltine ou batatinha smiles e nem maionese no pratinho. Mas é único. Por isso todos que lá entram sabem o que querem.

Mcdonalds.

Ninguém está enganando ninguém. Você sabe que vai encontrar gente com pressa, bancos desconfortáveis, banheiros mais parecidos com os de rodoviárias e nenhum funcionário da rede tentará te convencer de que ali é na verdade um bistrô com serviço de primeira linha.

Você entra, pede por um código correspondente. Em poucos minutos come. E vai embora. Pura e simplesmente.

Já um outro gigante, de um outro seguimento tão significativo quanto a rede de lanchonetes, não consegue deixar claro o que realmente quer ou do que realmente quer se disfarçar.

Você acha que está prestes a comprar um bilhete de cinema.

Mas você não esta indo ao cinema. Você está no Cinemark.

O novo filme ganha ares de montanha russa do Hopi Hari e uma hora de fila não é nada para quem quer freqüentar "as melhores e mais conceituadas" salas de projeções.

No Cinemark, absolutamente tudo conspira contra o ato de ir ao cinema e assistir a um filme. A grande maioria não está ali pelo filme em si, mas pela ocasião de passar horas em um lugar diferente.

E eu já observei um típico indivíduo desse público peculiar.

Na hora em que entra na sala, esquece por completo os vinte paus que pagou por um bilhete e o cansaço da espera na fila da compra e na fila da entrada. A poltrona é reconfortante, macia. Assistir ao filme? Não, ele tiraria um cochilo ali tranquilamente.

O balde de pipoca mais valioso da face da terra está transbordando. Ele nem quer, mas come compulsivamente. Assistir ao filme? Não sem antes de trocar o refil.

Os trailers estão rodando. Já há trinta minutos. Filmes que estrearão daqui a dois anos aguçam as pupilas dos devoradores de pipocas. Assistir aos trailers? Não. A conversa rola solta entre a "galera cinéfila".

O filme começa. O ambiente parece querer levar a platéia à quinta dimensão. Som muito alto e qualidade de imagens insuperável. Assistir ao filme? Mas ele nem terminou de comentar ainda sobre o penúltimo trailer... Vai ser obrigado a aumentar o tom de voz.

Peça “silêncio!” ao infeliz. O filho da puta responderá sem cerimônia "os incomodados que se mudem".

E o celular toca. Mas não tinha o aviso antes do filme, solicitando desligar o aparelho? Tinha, mas não ele não viu, porque um pouco antes havia se levantado para repor o refil pela segunda vez.

"Alô?!"

quinta-feira, abril 05, 2007

O Mundo "Acadêmico"

Não gosto de academia. Nunca gostei.

Mesmo antes de experimentar já abominava a idéia de freqüentar uma academia. Malhar. Puxar ferro. Correr em esteiras com fones no ouvido, sem ver a paisagem mudar. Pedalar lendo um livro. Nunca me imaginei em um desses quadros.

Não que eu não goste de esportes. Pelo contrário, vivo esportes. E acredito que deixo isso muito claro em outros textos. O caso é que musculação não é esporte, pedalar não é esporte e correr em esteiras durante longos minutos de longe pode ser considerado um hobby (!?!) mas não passa perto de ser um esporte.

Mas este post não trata do que é ou não é esporte. Este post é sobre A REPULSA POR ACADEMIAS. Do ambiente e de tudo o mais que o cerca.

E vamos aos fatos.

Minha vida de atleta boêmio, dedicada aos muitos prazeres da gastronomia, invariavelmente acompanhados da sagrada cerveja gelada e o ócio quebrado apenas pelo futebol uma vez por semana, me trouxe quilos a mais, fôlego a menos, roupas maiores e, finalmente, uma iniciativa completamente contra os meus princípios: a matrícula em uma ACADEMIA.

Reticente e preconceituoso, fechei um plano mensal. Caro. Pois, se tivesse pago um semestre adiantado, teria aproximadamente 30% de desconto nas mensalidades. Porém estava entrando em um território desconhecido e abominável e meu argumento era de que apenas queria ver no que dava, se realmente me adaptaria à rotina de exercícios diários e a busca de um melhor preparo físico. "Impossível", segundo a recepcionista que preenchia minha ficha e marcava o exame médico. "Você vai ver. Malhação vicia. Todo mundo adora. Quem começa não consegue parar", profetizou a fulana. Sei...

Consegui (!) sacrificantes 5 visitas (espaçadas, nunca seguidas) durante os 30 dias pelos quaisvalia o meu plano. Acordei muito cedo para testar em alguns dias, deixei de comparecer a compromissos prazerosos em outras duas noites. Pra nada. Correr em esteiras, pedalar, malhar. Definitivamente, e como já previa, não é pra mim. Eu não sou isso.

Porém não desisti e aparentemente encontrei a solução:

Natação.

Nadei muito quando criança e a idéia de praticar o esporte (sim, isso sim é um esporte) completo e "pegar uma piscininha" duas vezes por semana, me fez voltar ao "antro" da academia.

E então conheci o mais sinistro e abominável ambiente de uma academia:

O vestiário.

Eu chego. Estaciono meu carro. Vou pro vestiário. Ponho touca e óculos. Nado por 45 min. Volto ao vestiário. Me seco. Me troco. Vou embora pra minha casa.

Não dá tempo e não há o menor interesse em fazer amigos e saber se o cara da raia do lado trocou o som do carro no stand center, ou se a febre da filhinha do professor de hidroginástica baixou. Mas, pasmem: tem cara que faz tudo isso e muito mais.

Tiozinho pagando de garotão, regatinha e discursos saudáveis é intragável. Mas é real. São esses que mais cobram e competem com os moleques babacas: "E aí, levantando 30 já ou tá precisando dá gás no todynho". Pérolas como essa são seguidas de gritos "Iéiééé!!!" alá Paulo Cintura. Ultrajante e ridículo.

O clima de "brothagem" dos caras que entram no vestiário é altamente artificial. Conversam com uma cumplicidade fraterna espantosa. Como se se conhecessem desde a infância. A ânsia de vômito deste que vos escreve é instantânea.

Caras que aparentemente (é quase uma convicção) não saberiam o que fazer com uma bola nos pés. E acham que um bar é o lugar onde se pede um pote de açaí ao invés de uma cerveja.

A "brothagem" dos caras beira a viadagem.

Um dia presenciei o seguinte dialogo:
"Você sabe se o Tchelo veio malhar hoje?" – pergunta o pitboy para recepcionista da academia.
"Tchelo?!?" – retruca a atenciosa garota.
"É... o Marcelo... Você sabe se ele veio?" – reformula já acanhado mas não menos esperançoso.
"Tem vários alunos que se chamam Marcelo, senhor... Mas acho que não." – dando o (des)caso por encerrado.
De forma humilhante e desesperada o pitbitoca lança com sobrenome e tudo: "O Marcelo Aguiar! Aquele dos 110 de supino. Você não o viu na academia hoje?".
"Não." – finaliza quase rindo e sem ter a menor noção a quem a montanha de bombas se referia.

Vergonhoso.

Fora a música (???), se é que podemos chamar aquilo de música. "Dá pique pra malhar!". Diz a menina da aula de hidro ginástica. Meu Deus! A única ação que as músicas tocadas em academias exercem sobre mim, é a vontade de nadar logo pra sair logo dali.


Contudo continuo com algumas convicções: continuarei na natação. Abominando o ambiente. Não farei amigos. E sairei dali pra pedir uma cerveja gelada no bar mais próximo.

quinta-feira, março 29, 2007

Num Só Instante

O nascimento de uma criança. Uma página de livro virada. Um balão estoura. Uma pedrada na janela. O toque do telefone. Um bocejo. A chuva caindo. Um traço de giz. O olhar no horizonte. Mais um corpo caído ao chão. Uma nota da guitarra. Um gole d’água. O cerrar dos punhos. A bola rolando. Um suspiro. O milésimo gol.

O silêncio. Estupefato.

Alegria.

Ficará na história do futebol. Na mente dos incrédulos. No coração dos apaixonados pelo esporte.

Números contestáveis, pela idade e ocasião, mas não pela legitimidade. Eles estão lá. Marcados. Por ele.

Como profissional? Juvenil? De canela? Impedido?
Os gols são dele.
Não importando em que ano, contra quem, jeito ou circunstância em que foram feitos.

Gols da vida, de um artista real, que agradeço por vivê-los. Sendo que cinco deles podem resumir o que foi um dos melhores jogadores que vi jogar:

1988 - Final da Taça Rio. Ele dá um chapéu no goleiro Zé Carlos e toca de cabeça.
1989 - Final da Copa América contra o Uruguai. O gol do titulo de cabeça depois de um cruzamento do Mazinho.
1993 - Eliminatórias da Copa do Mundo de 1994. E a melhor e mais completa partida em que o vi jogar. Dois gols inesquecíveis. Uma cabeçada matadora e outro driblando o goleiro.
1999 – Torneio Rio-São Paulo.O elástico em Amaral e o toque de classe por cima do goleiro.

No dia 1º de abril de 2007, um verdadeiro Gênio da bola poderá entrar para história com uma marca que causará apenas mais outra polemica dentre as mais de mil que ele mesmo criou.

Tudo acontecendo num só instante.

Mais uma obra de um craque incontestável.

Eterno.




quinta-feira, março 22, 2007

Milésimos...

Romário irá marcar o gol 1.000... e este espaço está chegando ao MILÉSIMO acesso - desde que coloquei esse contadorzinho azul...

Gostaria de saber quem será o autor do 1.000º acesso. Curiosidade do autor deste blog...

Se você acessou agora e viu 1000 em azul ali no canto, me conta, ok?

Inclusive, sobre o milésimo do baixinho............ (coming soon)



quinta-feira, março 15, 2007

Estilo Melvin Udall de Vida


Num primeiro momento você até dirá: “Humpf... imagina, eu?”. Mas não há como negar. Em um recluso momento intimista, você há de concordar: há um pouco de Melvin Udall em cada um de nós.

Me refiro aqui, não às grosserias e ranzinzices de Jack Nicholson em “Melhor é Impossível”, e sim às manias incontroláveis compulsivas do personagem.

Mania, transtorno obsessivo compulsivo, excentricidade, idéia fixa, esquisitice, extravagância. Chame do que quiser.

Admitir que as têm, já é uma evolução e tanto e mostra até sinais de sanidade.

Porém, existem manias individuais que não podem ser classificadas tão somente como tais.

São mais que isso.

Eu chamaria de “Estilo de Vida”.

Manias que incorporamos em nossa personalidade. Individualidades excêntricas que aos olhos (maldosos e julgadores) de outrem parecem bizarras, mas que sem elas não conseguiríamos atingir o grau de nossa normalidade.

Algumas conseguimos superar, e levar uma vida normal e aceitável, outras passam a ser regras de vida e convicções imutáveis.

Uma que superei foi a da “Posição em que fico durante uma partida de futebol”. Tudo bem... coisa inaceitável de um maníaco, louco que atura este esporte. Mas se goleiro repete a mesma cueca que pegou “aquele” pênalti decisivo, jogador entra em campo dando 27 pulos em uma perna só e etc... porque eu não podia passar o jogo todo sentado na mesma posição sem me mexer, com o braço pra trás e as pernas cruzadas se era aquilo que estava fazendo com que meu time ganhasse os jogos? Variando o mesmo tema, também não mudava a posição do rádio durante a partida. Câimbras, derrotas e necessidade iminente de RPG fizeram com que eu perdesse essas manias esportivas e caísse na real. Posição pra mim não é mais problema.

A não ser no cinema.

Sim, sempre. Sempre procuro me sentar na ponta. Seja na parede ou corredor. Questão de preferência. Você não gosta de sentar no fundo, bem centro, no meio da tela? Pois bem, eu jamais criarei problemas pra você. Eu prefiro as pontas. Sempre. Minha "zona de conforto". Meu bem-estar e sanidade mental agradecem. Claro que por muitas vezes essa mania é frustrada por inoportunos, os mesmos que falam alto e atendem celular, e se por acaso não consigo um desses lugares de preferência é meio caminho andado pra estragar o ambiente e eu me sentir tentado a achar o filme uma bosta. Conto os segundos pra sair daquele “lugar impróprio”.

Falando em contar. Sempre me pego contando. Não faço, pego, repito nada, nada 4 vezes. Se eu acreditasse nessa coisa de número de azar, eu cravava: 4. Não jogo 4 na mega sena. Não pego 4 bolinhos no self service. Não dou 4 goles pra acabar com a tulipa. Não enxáguo a boca 4 vezes após escovar os dentes. Evito a camisa 4 em qualquer fardamento esportivo. Jogo com a 5, 8, 2... a 4 deixo pra outro. Superstição? Sei lá... Também jamais deixo o volume da TV ou do rádio no 4.

Inclusive meus ouvidos exigem volume ímpar seja no carro ou assistindo TV. Sempre. Minha sensibilidade auricular chegou a tal nível que sou capaz de detectar se o volume está no 18 ou 19. Se está em um volume “Par”, arrumo na hora, e pronto. A paz reina e volto à minha normalidade habitual.

E cada louco com a sua mania.

O quê? Achou todo o relato muito estranho? Esquisito?

Ihhhh.... Sai aí do canto, conta até 5 e vá se tratar!

quinta-feira, março 08, 2007

III - Uma Tarde Inesquecível

Nasci em 1979. Descobri no futebol uma paixão incontrolável em 1986. Porém, não sabia eu que neste ano, o time que eu escolhera para torcer estava exatamente a uma década sem ganhar um título.

Cresci assim. Sofrido. Na minha infância e juventude éramos eu e meu irmão gêmeo, os únicos, firmes e esperançosos, palmeirenses, abaixo dos 20 anos de idade, num universo de 40 moleques do prédio em que morávamos. Meu irmão mais novo foi na onda da época e se “bandeou pros bambis”.

Com o passar dos anos fui me envolvendo mais com o futebol. As quartas, quintas, sábados e os domingos, passaram a ser diferentes e especiais pra mim e quanto mais o tempo passava, mais fanático ficava e a ansiedade por um título qualquer crescia a cada temporada.

Ficamos invictos por 23 partidas em 1989, perdemos uma e não levamos.

Em 1990 um empate por 0 a 0 com a Ferroviária, num Pacaembu lotado, nos tirou o direito de ir às finais daquele ano.

Uma bala de festim. Quase um 1º de abril. Uma falsa alegria em 1991. Ganhamos a Copa Euro-América jogando no Canindé, contra Hamburgo e Colônia da Alemanha. Eu entorpecido pela vitória e numa ilusão da relevância do torneio arrisquei: “Pai, o Palmeiras saiu da fila, né?”. “Hmm... acho-que-não.”. Era muita crueldade com um garoto de 12 anos.

Fomos às finais e sucumbimos diante dos bambis em 1992.

Confesso que cheguei a pensar que nunca aconteceria.


12 de junho de 1993. Eu não tinha namorada e não estava nem um pouco preocupado com isso.

Era um sábado. O dia amanheceu frio e seco.

Todo o sábado e domingo minha mãe preparava o almoço com o rádio ligado em programas esportivos. Palpitávamos sobre os resultados da rodada, falávamos alto e aguardávamos, ansiosos, o jogo da tarde.

Mas aquele não era um sábado qualquer.

A tarde
seguiu fria e seca.

Palmeiras x curintia, preparavam-se para decidir o Campeonato Paulista.

O Bem x o mal.

Histórico.

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Até hoje me arrepio ao rever o 1º gol, que aconteceu às 16h37 daquele sábado, marcado pelo Zinho.

Meus olhos ficam marejados ao reviver o 4º, de pênalti, do Matador Evair.

Um avassalador 4 a 0 sobre o maior inimigo numa final de campeonato, era muito mais que qualquer torcedor angustiado poderia desejar.

Pra lavar a alma.

Libertação.

O futebol havia mudado pra mim naquela tarde. Tudo de mais estranho e especial que havia acontecido em minha vida de torcedor de futebol parecia fazer mais sentido.

Muitas lágrimas de alegria e emoção acabavam de modificar não só a minha vida mas também aquela inesquecível, fria e seca tarde de sábado.